sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Em algum lugar no futuro...

Em algum lugar no futuro...

José Carlos Ramires

colaborador

Que país é este onde a impunidade se alastra, os malfeitores se locupletam, os agentes públicos legislam em causa própria, onde os políticos se governam em causa própria e a seus próprios interesses. Que país seria este? Acho que não precisamos de resposta.

Nossas crianças se perdem no lodo sujo da mediocridade, nos descasos das famílias desestruturadas, nas drogas e nas violências, nas ruas e nos próprios lares.

Fala-se em ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente; Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; Conselheiros Tutelares que cuidam da Assistência das Crianças e dos Adolescentes. Políticas de Proteção e de Assistência aos menores e adolescentes, e de tudo o mais que for válido e importante. Temos de tudo, temos leis, isso e aquilo, e mesmo assim estamos perdendo as rédeas do controle, com nossas crianças se perdendo nos meandros escuros da noite e dos negócios escusos...

Parece-nos que não estamos funcionando a contento e que em alguma coisa e em algum lugar estamos errando. Em que estamos errando? Onde e quando foi que nos perdemos? Estas são perguntas, que de nós e do governo, exigem-se uma resposta ou muitas respostas.

Do que mais estamos precisando? Sabem do que precisamos? De mais educação... E educação de boa qualidade. De melhores escolas e de políticas sociais, fortes e eficientes. De valorização dos Professores e das Escolas Públicas. De boas e excelentes políticas educacionais em todos os níveis de governo.

Vivemos num mundo, e num país onde tudo se permite, onde todos têm os seus direitos, e ninguém nem pensa sobre os seus deveres. Em nossa Constituição só vemos Direitos disto e Direitos daquilo e nunca, mas nem um pouquinho, sobre os Deveres disto e os Deveres daquilo. Nos Direitos todos agem e exigem, mas nos Deveres ninguém se manifesta e nem é molestado, achando que não é de sua obrigação... Só quando se comete algum ato ilícito e mesmo assim, nestes atos criminosos, estes não são punidos exemplarmente. E vivemos num ambiente onde, infelizmente, o Crime Compensa... A engenharia financeira do Crime é favorável ao criminoso. A sua pena é muito abrandada e isto transparece a todos, aos bons e aos maus cidadãos e até aos criminosos de carteira... E nossos parlamentares nada fazem... Legislam para quem?

Quanto aos políticos, nem se fala... Aqui já temos que inventar uma nova maneira de abordarmos o estudo sobre estes comportamentos sui-generis e diferenciados dos políticos. Todos se acham impunes e imputáveis. Legislam em causa própria, fazem as leis de tal modo a lhes favorecer. Aumentam seus salários e nada acontece. Criam verbas de tudo e sobre tudo a que lhes dizem respeito. Possuem direitos disso e daquilo. Contratam assessores e criam diretorias disto e daquilo, só para empregarem os seus apaniguados e protegidos. Secretarias e Ministérios cada vez em maior quantidade... Até onde vamos?

Estamos num sistema de governo onde o que impera não é a Democracia, o governo do povo e para o povo. A democracia é uma ilusão, um engodo, onde todos nisto acreditam. O governo acha que é democrático e o povo acredita que o sistema é democrático. O que impera em nosso sistema é um Governo de Políticos, brincando de Política Democrática e ditando leis que só a eles mesmos, e a seus benfeitores interessam... Um governo onde impera a Mediocracia e não a Democracia. Um governo onde, pelo atual sistema imposto, o povo não tem soberania. Quem tem soberania é o próprio sistema, um sistema onde todos os políticos e seus prepostos se empregam e se locupletam, onde os dirigentes nomeados, indicados ou apadrinhados, criam os seus próprios Sindicatos da Desgovernança e da Locupletagem, com invenções malucas e muito bem estruturadas de como sacar e exaurir os cofres da viúva... Todos criam os seus jeitinhos, esquemas e modos de tirar alguma vantagem. Um sistema onde se impera a troca de favores, transmutados em um balcão de negócios, onde a moeda de troca são os cargos, as nomeações, os beneplácitos, os nichos de mercados, onde os cargos e funções de governo, são trocados e vendidos...

E contra isto temos que dar um basta! E que nas urnas façamos valer as nossas vontades... Talvez, em algum lugar no futuro, poderemos dizer que enfim conseguimos a verdadeira Democracia, do governo do povo e para o povo, onde o Soberano seja o Povo e mais ninguém... E que Deus nos ajude! Porque Ele disto tudo, culpado não é... Mas nós somos...

27/10/2011