sexta-feira, 3 de junho de 2011

Quando se permite o erro, o que é certo se torna chato... E pedante...

Acredito que quase tudo neste país está virando de cabeça para baixo... O Certo não é certo e o erro tolerado. Até onde iremos parar? Não sei. Que o digam os senhores leitores.

Tudo começou com a chegada gradual de uma permissividade sem limites, onde iniciamos a perda lenta e insistente de uma tradição salutar da ordem, da disciplina e da organização. Agora, neste mundo globalizado, tudo se permite, tudo é válido... Os valores se esvaindo pelas mãos como areia fina, tornada que foi, quando rocha um dia fora. Os valores, todos eles, de ética, de moralidade, de honestidade, de justiça, todos estes sensos, todos estes sentimentos de valoração se perderam no tempo, virando coisa do passado, coisa de velho. Hoje o que vale é a esperteza, o que vale é a mais valia, o que vale mais é a valorização do ego, a superação da matéria em relação ao espírito, sendo importante o ter... e não o ser.

Lembro-me de que nas escolas a disciplina e a ordem imperavam e todos obedeciam... Aos professores, aos mais velhos e aos diretores de escola. A disciplina pela manutenção de certos hábitos salutares onde os alunos possuíam seus uniformes e nós, alunos, orgulhávamos de usá-los e de ostentá-los, além de os mantermos, digo, nossas mães mais precisamente, impecáveis, e esta disciplina nos orientava e nos conduzia. Ordem para tudo fazermos.

A primeira atividade escolar do dia começava com uma reunião no pátio, quando todos perfilados, hinos cantávamos, não um, mas dois, mais precisamente o da Bandeira e o glorioso Hino Nacional. Em seguida, e em ordem íamos todos, do pátio para as classes, em ordem, em harmonia e sem correria.

E por quais motivos estou a dizer todas estas coisas, que a muitos, banais possam parecer? Por que? Pelo simples fato de que, não bastasse a noção de progressão continuada nas escolas, digo obrigação de todos os alunos passarem de ano, não interessando muito o seu aprendizado, mas tão somente o resultado frio e numérico das estatísticas do ensino. Mais alunos nas classes, nas escolas, não importando o seu rendimento e o seu aprendizado. Verdadeiros analfabetos escolarizados. Continuando a dizer, não bastasse isto tudo já dito, vem agora em nossas mãos e nas mãos dos professores e alunos, através do MEC – Ministério da Educação e Cultura, algumas cartilhas das mais malucas possíveis, fazendo a apologia do errado e ridicularizando o certo e tornando-o um meio de discriminação dos menos afortunados. Digo isto e indignado fico. O certo não é mais certo e o errado não é mais errado. A norma gramatical não vale. O certo é falar errado. Falar errado pode. Mas... Escrever... Escrever é outra coisa. Escrever, o escrever tem que ser do modo certo. Vejam que discussão interessante. Falar podemos como quiser. Assim falaríamos: “os carro tá sujo”; “nóis vem e nóis vai...” e assim todos “vai” em frente e “seje” o que Deus “quizer”. Epa! “Quizer” não pode, tem que escrever: quiser. Ou seja, falar errado, “nóis podemo”, “mais escrevê” errado, “nóis” num pode.

A língua culta, coitada da língua culta. A nossa valorosa, linda e culta Língua Portuguesa, que da Flor do Lácio nasceu, virando do avesso está. Os seus valores, perdendo estamos, não por culpa do povo, mas por culpa de alguns educadores, que nos incutem estas ideias e conceitos de que o importante é termos a noção de que não podemos discriminar e tornar nossos alunos ridicularizados, e que então, por isto, devemos aceitá-los como são, e como falam! Mas o que está havendo? Mas quem falou que os alunos assim se sentem? Existem estatísticas? Foram feitos estudos? Qual o percentual dos alunos pesquisados? Como foi esta amostragem?

Garanto que, qualquer aluno, mesmo os adultos que estão sendo alfabetizados, não pensam assim. O que estes alunos querem, e muito, é aprender. Aprender a ler, falar e escrever, e de modo correto. Porque motivos iriam querer ou aceitariam falar e escrever errado? Pois que é mais fácil escrever errado, quem errado fala, esta é a tendência natural. A oportunidade tem que ser dada. Não podemos omitir a verdade, e o que é a verdade senão o conhecimento? E neste caso: o que é o conhecimento senão a verdade de que existe uma normativa, ou uma norma gramatical, devendo ela deve ser obedecida. Deveria ser diferente? Não deveria existir uma norma?

Dizem alguns estudiosos, pedagogos e psicólogos, que, se insistirmos em corrigir suas falas, os novos pequenos alunos, e também os adultos, sentir-se-ão envergonhados e não aprenderão. Mas como? Se estão na escola, prá que serve então a escola, senão para um único, valoroso e abençoado fim, que não seja o de aprender. E neste aprender, um conhecimento conquistar, e com este conhecimento a verdade lhe aparecer, como um halo de luz em sua mente brilhar.

A estes alunos havemos de lhes dar a possibilidade de outros caminhos tomarem e de escolhas fazerem. Somente quem sabe, quem tem o conhecimento, sabe distinguir, durante a fala e ou escrita, diferenciar o que é e o que não é certo. E pode então, a seu modo, com sua arte de escrever, escrever do modo e do jeito que lhe aprouver, se sua obra, uma obra de arte for. Quantos escritores de renome já escreveram romances fantásticos e belos, usando os termos e modos de falar dos matutos mineiros, dos atrevidos caipiras dos lados paulistas, do malemolejo dos falares característicos dos nordestinos das caatingas, não só da flora dura e retorcida, mas também das falas sertanejas, duras e retorcidas. Cada povo tem um modo e um jeito especial de se falar, mas nem por isto, deixam de ter o direito de saber o modo correto, se assim uma oportunidade tivesse. Mas, será que estamos isto fazendo? Será que é isto o que os governos estão propiciando? Estamos realmente dando estas oportunidades? A oportunidade do ensino correto, justo e perfeito, para um maior e melhor aprendizado, e deste aprendizado um melhor conhecimento adquirir, e melhores oportunidades em suas vidas lhes aprouverem?

O que nós queremos? Muitos falam de uma melhor segurança, no ir e no vir, sem medos e sem temores. Que a violência é de só aumentar. Que ninguém mais consegue sossegar.

Outros dizem que de leis mais duras precisamos, novos códigos, civis e criminais e também processuais. Que a Justiça não pune, que a impunidade graça, para graça dos ricos, e desgraça dos mais pobres. Aos ricos os recursos e aos pobres, sem recursos, o chicote da Lei. Aos bandidos e criminosos confessos, lei branda e concessionária. De tudo isto podemos em parte concordar. Mas, de uma coisa tenho certeza. De que melhor seria, melhor educarmos e mais dinheiro com escolas gastarmos. Pois que, com escolas, e digo escolas, e não esses sistemas, que pensam que ensinam, e de alunos, que acham que aprenderam, mas sim de escolas, verdadeiras escolas, dessas com E maiúsculo, melhores homens seremos, e de prisões, não precisaríamos...

Quanto mais educação, menos prisões... Este é o ensinamento e este o caminho...


José Carlos Ramires - 2011 A.D. – 31 de maio

Santo Anastácio-SP